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Capítulo 9: Substituição de Sangue


Muitos pacientes irão ser muitas das vezes transportados para as instalações da Alcor com distâncias superiores a algumas horas, e as preparações de transporte irão incluir a substituição de sangue por uma solução de preservação de órgãos. Qualquer agente funerário será capaz de realizar a substituição de sangue pela solução providenciada pela Alcor. Apenas os membros da equipa de transporte com mais experiência terão o treino e a experiência necessária para executar este passo independentemente. Contudo, os membros da equipa local serão responsáveis por preparar um local para realizar a substituição de sangue, e providenciar um conhecimento rudimentar ao agente funerário sobre as principais razões da realização deste processo.


Durante a isquemia, muitos componentes do sangue irão parar, tornando mais dificil a circulação do fluidos assim que o suporte cardiopulmunar externo for iniciado. Mais, muitos dos componentes que param nas paredes dos vasos sanguíneos irão eventualmente passar através das paredes, deixando buracos nos vasos. Um dos exemplos de células que fazem isto são os leucócitos.


Os leucócitos são glóbulos brancos que limpam bactérias e combatem infecções. Existem triliões no nosso corpo. Durante a isquemia, 80% dos glóbulos brancos irão sofrer danos. Se estes leucócitos não forem removidos do sangue, eles irão impedir as tentativas de restauração da estabilidade metabólica depois de um pequeno período de tempo sem oxigénio.


No caso dos pacientes da suspensão criogénica, torna-se mais fácil para restaurar a aparência do equilíbrio ao substituir completamente o sangue degradado por uma solução fresca que imita a composição mais saudável do sangue. Os pacientes da suspensão criónica não irão para casa após a aplicação dos procedimentos de suspensão criogénica, e por esse motivo medidas mais extremas (e eficazes) devem ser tomadas sob os seus cuidados que não estão disponíveis para o pessoal médico mais convencional.


Limpar completamente o sangue do paciente irá servir para remover muitas das células danificadas e componentes celulares e substitui-los por homólogos robustos.


Para os pacientes em que a morte involveu muita perda de sangue, poderá não ser possível realizar uma remoção de sangue. Contactar a sede da Alcor se existir alguma dúvida.



Mecânica


Basicamente, esta parte da preparação de transporte requere a realização de uma cirurgia para expor as artérias femorais e as veias, abrir essas veias, inserir tubos nos canais, substituir o sangue por outro fluido num lado, e deixar o sangue sair pelo outro lado. Isto pode ser feito por um agente funerário se a solução de preservação de órgãos estiver pronta.


Se o pessoal da Alcor e o equipamento estiverem disponíveis, a realização de uma substituição mais complexa pode ser tentada. A substituição de sangue pode também ser usada para arrefecer o paciente mais rapidamente através da introdução de um permutador de calor no circuito de substituição. O Kit da Alcor de Resposta Remota a uma Emergencia ("kit remoto") e a ambulancia (com o MRC III) estão equipados para este nível de substituição.


O kit remoto contem um kit cirúrgico, uma bomba de sangue, um monitor de pressão, e um pack de tubagens que permitirá a ventilação de ar através das linhas. Contém também várias cortinas que permitem a equipa de transporte criar um ambiente estéril que imita o de uma sala de operações. Também carrega alguns aparelhos que, se for permitido à equipa usa-los, pode ajudar a prever a hora da morte.


Nota de rodapé: Um exemplo de um aparelho que pode ser bastante útil a prever a hora da morte é o oxímetro de pulso. O oxímetro de pulso mede a capacidade de transporte de oxigénio por parte do sangue arterial. O sensor é colocado (o sensor foi desenhado para aderir facilmente, mas pode ser colado se assim for necessário) na orelha do paciente, ponta do dedo, ou outra área bem vascularizada. O monitor irá registar o pulso do paciente e a percentagem. Percentagens normais estão entre 95%-98%. Algo abaixo dos 80% é causa para um alarme sério. Muitas pessoas não irão sobreviver muito tempo. Uma queda constante na leitura por parte do oxímetro, irá permitir a equipa de transporte estar preparada antes que as leituras atingam os 80%. A Alcor tem actualmente um oxímetro de pulso, e é mantido no kit remoto central. Oxímetros de pulso são usados antes de o paciente ser declarado morto, portanto apenas será usado em casos onde o paciente e o médico aceitarem o seu uso.

Se existirem membros da equipa bem treinados e equipamento disponível, o kit remoto irá ser usado durante a substituição de sangue. Se eles não estiverem disponíveis, um agente funerário cooperativo irá ser preciso para realizar esta parte da estabiliação.


Assistencia do Agente Funerário


Um agente funerário não irá ter o equipamento necessário para remover o sangue do paciente e fazer circular a solução substituta a uma temperatura de 3-5ºC (a temperatura desejada para o transporte). Isto não é o melhor cenário, mas não impede o objectivo principal deste protocolo - remover o sangue do paciente e os seus elementos prejudiciais. O agente funerário não tem nem o pessoal nem o equipamento para fazer isto.


Qualquer agente funerário que aceite em assistir neste passo será devidamente compensado. Todas as despesas associadas deverão ser mencionadas à partida e pagas antes da respectiva partida, dependendo da preferência do agente funerário.


Com o objectivo de realizar este passo, o agente funerário ou os membros da equipa de transporte devem ter a solução de substituição, que é disponibilizada pela Alcor. Ou a DuPont's Viaspan ou a MHP-1 da Alcor irá ser usada. O agente funerário irá geralmente ajudar com a cirurgia para o acesso ao sistema circulatório. Veias femorais irão ser usadas para providenciar um acesso ao sistema circulatório, uma vez que estas são largas e muito próximas da superfície. Agentes funerários têm uma grande experiência a aceder a veias, e podem usualmente introduzir os tubos nas artérias femorais e veias em pouco tempo.


Estes profissionais são capazes de providenciar suporte em excesso ou simplesmente preencher toda a papelada. Se eles oferecerem assistencia, aceite.


Descarga de Gravidade


A "descarga de gravidade" é a maneira mais simples de fazer a remoção de sangue. Não requere bombas ou tubos. Apenas requere acesso às artérias femorais, introduzindo fluido no paciente, e escoar o sangue a partir de um pequeno buraco nas veias femorais. A gravidade irá providenciar a pressão necessária para descarregar o sistema circulatório.


A gravidade providencia menos pressão do que uma bomba médica convencional ou uma bomba de embalsamador. Será menos eficiente a superar os problemas de coagulação do que as alternativas. A gravidade deverá ser usada apenas se não existirem bombas, o que seria o caso se o kit remoto ou a ambulância não estiverem no local e o agente funerário for pouco cooperativo.


A pressão pode ser calculada a 23mmHg por cada pé de altura a que os sacos de solução são colocados acima do paciente.


Circuito de descarga

Guarde os sacos de carga em gelo até estes serem usados.
Pendure o saco de reservatório mais abaixo do que os sacos de carga.
Pendure os sacos de carga pelo menos a 3 pés do paciente para que existe a pressão necessária (23mmHg por pé).
Primeiro planeie e depois implemente o plano para remover todas as bolhas de ar da linha arterial.
Para perfusão numa mesa do agente funerário, veias devem apenas ser cortadas e o sangue escoado (em vez de recolhido).

Método de Embalsamamento

Este método não se refere ao fluido que é inserido no paciente através da perfusão, isso não se altera. Refere-se sim à bomba usada no processo de remoção de sangue. Deverá apenas ser usado no caso em que a ambulância e o kit remoto não estiverem disponíveis.


A bomba do embalsamador é conectada na entrada do tubo, e o sangue continuará a escoar no lado oposto. Estas bombas têm usualmente funcionalidades que permitem algum controlo sobre as pressões exercidas na substituição de sangue. Geralmente estas bombas estão calibradas em termos de libras por polegadas quadradas. Pressões metabólicas normais variam entre 116 e 144mmHg pressão arterial média (PAM). Use as pressões sanguíneas normais do paciente para determinar a taxa de fluxo da bomba de embalsamento, se estas forem conhecidas. As pressões típicas para proceder a remoção de sangue são usualmente as mais baixas do intervalo normal.


Vários cuidados devem ser tomados em consideração:

  • Usar pressões de perfusão bastante mais altas do que recomendado pode resultar na explusão de capilares. Sem um sistema vascular em bom estado, não existirá chance alguma para o paciente receber uma perfusão de crioprotector adequada em Scottsdale.

  • A bomba de embalsamamento do agente funerário irá estar muitas das vezes suja. Os membros da equipa de transporte devem examinar a bomba e os tubos, limpar e enxaguar antes de poder ser usado num paciente. Todas as tentativas devem ser feitas para duplicar um ambiente médico, e isto envolve limpeza e a utilização de altos padrões de qualidade.

Atenção: Se uma bomba de embalsamamento de um agente funerário for usada durante a remoção de sangue, deve ser muito bem limpa e enxaguada antes de esta ser usada.

Pressão deve ser ajustada para 1-3 libras por polegada quadrada.


Não permita que o agente funerário faça a perfusão de substituição do sangue através de qualquer vaso que não seja femoral. Por exemplo, se as carótidas forem usadas, os vasos devem ser reparados antes de se começar a perfusão de crioprotector. Actualmente, a perfusão de crioprotector começa assim que a cânula (basicamente são os tubos médicos que são inseridos no sistema circulatório para perfusão) for inserida no coração e ligada com a solução de perfusão. Uma vez que o coração é usado, as carótidas (os principais vasos que alimentam o cérebro) devem estar intactos para perfusão isto se o cérebro for receber algum do fluxo. Reparar os vasos sanguíneos danificados é, no mínimo, uma tarefa delicada. Tente que o agente funerário use as femorais, e tenha a certeza que estes vasos estão amarrados em segurança assim que a remoção de sangue estiver completa. No passado, estes vasos foram ocasionalmente deixados abertos e, durante a subsequente perfusão de crioprotector, muito do criprotector foi perdido através destas brechas no circuito.


Pelo facto de não se poder fazer re-circular o fluido para arrefecer o paciente (como é o caso do bypass cardiopulmonar), o substituto do sangue deve estar o mais frio possível antes de se começar a remoção de sangue. Mantenha a solução em gelo antes de esta ser precisa. Estas soluções não arrefecem rapidamente, por isso aguentar a remoção de sangue durante mais uns minutos durante o arrefecimento, normalmente não irá produzir grande diferença. Nestes casos, o melhor é substituir o sangue do paciente o mais rápido possível e enviar o paciente em gelo para Scottsdale. Pode ser possível recolher amostras do sangue do paciente durante a altura da remoção. (Numa mortuária o sangue normalmente escorre para uma pia.) Se tal acontecer, tenha o cuidado de recolher as amostras antes que estas fiquem contaminadas pela pia ou escorram. Se um tubo não esterelizado for usado, não existirá nenhuma esperança de recolher amostras não contaminadas. Mantenha todas as amostras guardadas em gelo, e prendas-as com fita no antebraço do paciente e acondione tudo com gelo para envio.


Todas as amostras deverão ser etiquetadas com o número de paciente Alcor e a hora, como um mínimo.


Um aviso final. Usar uma bomba de embalsamamento irá aumentar a possibilidade de introduzir ar no sistema circulatório. Muitas bombas de embalsamador contêm um rotor num fundo que agita a solução antes de esta ser introduzida. Se os níveis de fluido estiverem muito baixos, um vórtice irá-se formar no fundo do recipiente de fluido. Existe muito pouco que pode ser feito em relação as micro bolhas, mas introduzir as bolhas maiores pode ser evitado. Pare a perfusão antes que alguma destas bolhas entre no tubo.

Bypass Cardiopulmonar

Este é a mais eficiente e estável técnica de remoção de sangue disponível para o pessoal da Alcor. Requere um conjunto complexo de tubos que são guardados primeiramente na ambulância ou no kit remoto.


Durante o transporte, a ambulância, especificamente o Mobile Rescue Cart (MRC III), fornece a solução mais eficiente para implementar o bypass cardiopulmonar. Todo o equipamento necessário está contido dentro ou como parte do MRC III. As series MRC foram inicialmente desenhadas por Jerry Leaf, Hugh Hixon e Mike Darwin e foi um avanço tremendo nos cuidados de emergência médica. O MRC permite à equipa de transporte iniciar o bypass cardiopulmonar e enviar o paciente para as instalações da Alcor para perfusão crioprotectora enquanto o fluxo do sistema circulatório e o arrefecimento é mantido.


Tanto a ambulância como o kit remoto são equipamentos necessários para arrefecer o paciente eficientemente para 3-5ºC, e são usados com esse propósito.


Como propósito de ilustração, o MRC III irá ser usado na descrição deste bypass cardiopulmonar. O kit remoto contem elementos idênticos, e o equipamento deve ser montado de acordo com as especificações do MRC.



O Mobile Rescue Cart, Passado e Presente

As capacidades de resposta local por parte da Alcor acentam na ambulância e no Carro de Emergência Médica (usualmente referenciado como "sistema avançado de suporte à vida"). O principal propósito do Carro de Emergência Médica ou Mobile Rescue Cart (MRC) é para permitir uma área de suporte cardiopulmonar através de meios mecânicos e perfusão extracorporal. Foi discutido pela primeira vez na revista Cryonics (Março, 1987):

Nos inícios de 1985, uma decisão foi tomada por Cryovita Laboratories com o apoio da Alcor Life Extension Foundation para criar uma forma simples de transporte, bem equipada com perfusão extracorporal e uma unidade de arrefecimento para usar no transporte dos pacientes de biostasis. Os objectivos na criação desta unidade a serem cumpridos eram ser facilmente transportável, relativamente simples de operar, bastante bem equipada em termos de requisitos de energia e apoio de materiais (descartáveis, instrumentos de cirurgia, medicamentos, etc.), e deve ser capaz de atender as demandas normotérmicas de um adulto médio.

Jerry Leaf, lider da equipa de suspensão da Alcor e presidente da Cryovita da altura, iniciou o projecto depois de ter visto literatura professional sobre perfusão a discutir carrinhos de perfusão. Fez uma estimativa para o protótipo de $150,000 até $250,000 que estava muito além daquilo que a Alcor e a Cryovita eram capazes de gastar neste projecto. Jerry, Mike Darwin e Hugh Hixon decidiram construir um independetemente.


Jerry e Mike encontraram uma maca de suporte à vida Travenol, uma dobradiça, uma maca de alumínio que acomodava o "Thumper" HLR Brunswick, um monitor cardíaco e desfibrilhador, duas garrafas pequenas de oxigênio, e três gravetas.


Estas aquisições foram entregues ao Hugh, que remontou as gavetas e construiu os suportes para a bomba dos tubos, duas baterias de 12-volts, um carregador de bateria, um enrolador do tubo da bomba, uma bomba de vácuo ruidosa, uma bomba de água, e uma bomba de distribuição de vácuo. No momento em que foram acrescentados suportes para o oxigenador e instrumentos de monitorização, a maca já não se dobrava e era curvada no meio. O Jerry substituiu a parte de baixo da estructura por tubos de aço, e trouxe o peso para cerca de 450 libras. Com este peso, a especificação inicial que dizia "facilmente transportável" iludiu a equipa, e no final acabou por resultar na instalação de um portão elevadiço na ambulância (para muito contentamento dos membros da equipa de transporte).


Com o correr dos anos, o HLR Brunswick foi substituido pelo Michigan Instruments HLR, que é muito mais confiável e eficiente, o monitor cardíaco foi removido, uma banheira portável de gelo foi construida no topo, e foi adicionado um circuito para fazer circular água gelada. Modificações para o circuito de perfusão também foram necessários, especialmente depois da suspensão de Jerry Leaf em 1991.


Os conjuntos de tubos originais para o MRC I consistiam de componentes variados, que foram montados pelo Jerry no local. Ele era um perfusionista com bastante experiencia e completamente capaz de amarrar uma bomba durante o transporte e de invadir muitas vezes outras fontes por peças perdidas, mas isto significa que mais ninguém (a não ser que eles também fossem perfusionistas) seria capaz de amarrar uma bomba. Depois da suspensão do Jerry, a responsabilidade dos circuitos de perfusão ficou ao encargo de Hugh Hixon, que implementou um sistema mais simples. O sistema do Hugh incluía todos os componentes necessários para o circuito, um diagrama de montagem, e as tubagens etiquetadas para a montagem. Existem também conjuntos de treino para praticar. A Alcor separou-se da Cryovita em 1991, depois da suspensão do Jerry, mas continuou a utilizar o MRC I. As circunstâncias diziam que esta relação era considerada instável e a Alcor começou a investigar a construção de um novo MRC.


Keith Henson aceitou o desafio de desenhar o MRC II e começou a frabrica-lo com um soldador de gás e tubos de aço. Apesar o MRC II nunca ter sido terminado, demonstrou a utilidade das estruturas de aço. Quando o projecto da Keith se atrasou, o Hugh pegou no projecto e continuou-o.


Depois de comprar equipamento necessário para equipar uma pequena loja de soldadora, Hugh construiu o MRC III. Este ultimo pesa 625 libras e custa aproximadamente $6,500 a construir. Levou aproximadamente quatro meses a construir e apresentou bastantes melhoramentos em relação ou seu desenho original.


  • A sua estrutura de aço é mais forte e durável que a estrutura original de aluminio, aço e PVC.
  • A estrutura foi construida com o objectivo de encontar a banheira de gelo dos seus originais 7'1" para cerca de 6' (o que significa que irá caber em praticamente todos os elevadores).
  • A banheira de gelo tem um interior maior mesmo mantendo o seu tamanho exterior.
  • Todos os componentes estão seguros a estrutura e combinam com o perfil do carrinho, incluindo o circuito de perfusão.
  • O enrolador da bomba foi reposicionado para melhor acesso.
  • A capacidade de transporte de oxigénio aumentou de 1,256 litros para cerca de 7,000 litros.
  • O sistema de energia 12/24/110-volt foi substituido por um sistema mais convencional de 12/110 volt.
  • A orientação do paciente foi invertida para facilitar o suporte na ambulância.


Hugh Hixon foi a força principal por detrás dos melhoramentos a este aspecto crítico da Alcor na infraestrutura de resposta às emergências. Ele fez a maior parte do trabalho sozinho, com assistência de Tanya Jones, Scott Herman e Keith Henson. Ele contribuiu para a Alcor com os fundos necessários para completar o projecto e comprou todo o equipamento necessário de soldadora, e ele foi capaz (e contente) de aplicar os conhecimentos ganhos nas aulas de educação para adultos de soldadora para melhorar significativamente a capacidade de resposta da Alcor às emergências numa altura em que as opções da Alcor eram limitadas.

Circuitos

Para obter resultados de perfusão perto da norma metabólica, alguma informação é necessária sobre o circuito bypass. As pressões de perfusão são críticas, e o monitor de pressão é ligado para recolher esta informação. As taxas de fluxo irão afectar as pressões de perfusão, e as bombas dos médicos têm um ecrã que mostra esta informação.


Idealmente, o substituto do sangue é oxigenado antes de ser introduzido no sistema circulatório, e existe um dispositivo para fazer isto no circuito. Este dispositivo serve dois propósitos. É um permutador de calor e oxigenador, e irá ao mesmo tempo arrefecer e oxigenar o substituto de sangue. Um medidor do fluxo de gás está presente para providenciar informação sobre a taxa do fluxo de oxigénio.


Tubos de médicos, cânula, e filtros são combinados numa ordem específica que fornece um caminho estéril entre o substituto do sangue e o sistema circulatório do paciente. É também configurado para permitir a recolha fácil de amostras estéreis.


Tanto o kit remoto como o MRC III contêm equipamento cirúrgico e vestuário de protecção para a equipa de transporte. Uma fonte de oxigénio independente é transportada na ambulância, mas não existe nenhuma no kit remoto. É ilegal transportar garrafas de oxigénio numa companhia aérea comercial, e por isso, o oxigénio deve ser adquirido localmente. (Se estiver numa cidade desconhecida, procure na lista telefónica por Casas de Soldadora, Equipamento Médico e Abastecimentos, ou Cilindros de Gás.) Se oxigénio usado por médicos não estiver disponível, use oxigénio de soldadura.


Simplified MRC III Washout Circuit

Cirurgia

Cirurgia é algo que apenas pessoal treinado poderá iniciar, e na ausência de um membro na equipa de transporte treinado, será feita por um agente funerário com a assistência e direcção de um membro não treinado da equipa.


O protocolo actual da Alcor indica que as veias femorais são canuladas para perfusão, uma artéria femoral é canulada para perfusão, e outra para monitorizar a pressão. Para canular os vasos requere uma incisão na pele, e proceder para dissecar toda a gordura envolvente, tecido, e musculo que irá abrir para a colocação da cânula e a linha de monitorização de pressão. Os vasos são então removidos de todo o ambiente externo que os une. Assim que estejam bem expostos, as suturas são colocadas à volta dos extremos finais de cada artéria e veia. Os fins distais são presos com sutura, e os fins proximais são enlaçados duas vezes e deixados soltos.


Uma pinça é então colocada tão próximo do fim proximal quanto possivel. Uma pinça atraumática será o ideal, uma vez que não irá danificar o tecido mais delicado. Assim colocada, os vasos podem ser levantados gentilmente e cortados com bastante cuidado para colocar a cânula.


A cânula deverá ser fixada na extremidade e completamente preenchida com solução salina heparinizada. Todas as bolhas de ar deverão ser retiradas da cânula antes de esta ser fixada. Assim que o vaso estiver cortado e a cânula preparada, insira a cânula tão longe no vaso quanto possível. Nessa altura a pinça proximal poderá ser removida para permitir a inserção da cânula. Tenha o cuidado de verificar que a bomba está delisgada e que as linhas de perfusão estão fixadas. Use a sutura para segurar a cânula no seu lugar.


Assim que tudo estiver no seu lugar e seguro, a remoção e substituição de sangue pode começar.


Cuidado: Use luvas, mascaras, e touca! Para indivíduos que trabalhem com objectos afiados, como agulhas ou bisturis, luvas resistentes a perfurações de borracha nitrílica deverão ser usadas por baixo das luvas normais. Para o cirurgião, perfusionista, e os seus assistentes, protectores para a cara e óculos são obrigatórios.

Volume do Circuito

O volume do fluido que é perfundido no paciente é importante. Aproximadamente 2 litros de fluido são usados para começar o circuito, e cerca de 12 litros de solução de preservação de órgãos deverá ser introduzida. Assim que esse volume for introduzido no sistema circulatório do paciente, as portas de introdução de fluido são fechadas, assim como a linha de drenagem, e o fluido restante no paciente e o circuito deverá recircular até que a temperatura corporal do paciente baixe para os 3-5ºC.


Se o circuito aparentar estar a perder volume assim que as portas de introdução de fluido estiverem fechadas tenha o cuidado de verificar a área cirúrgica por possíveis fugas. Se não for encontrada nenhuma fuga óbvia no circuito, então deverá existir uma fuga no interior do paciente. Evidências que corroborem este problema poderão surgir mesmo antes da perda de volume durante a re-circulação. Se o abdómen do paciente aparentar estar a dilatar, poderá existir uma fuga na parede gástrica (estômago). Se fluido sangrento ou espomoso começar a sair da boca do paciente isso pode indicar que as paredes capilares dos pulmões podem ter rebentado. Existe muito pouco que pode ser feito para reparar estas formas de dano, e no passado, cada um destes danos foi severo o suficiente para parar a perfusão.


Precauções de Segurança


A Alcor é normalmente avisada quando um paciente contrai uma doença infecciosa, e o facto é que tais doenças são normalmente factores que contribuem para o processo de morrer. Doenças infecciosas representam um sério risco para os membros da equipa de transporte se as precauções adequeadas não forem tomadas durante a estabilização. No entanto, existem alguns testes para verificar se uma pessoa está ou não infectada com um virus, e algumas doenças têm tempos de incubação que se extendem a anos antes de qualquer sintoma de infecção superficial. Precauções básicas, como as que são apresentadas em baixo, são bastante efectivas e facéis de implementar e devem ser usadas em todos os pacientes. O cirurgião e o perfusionista deverão ser especialmente cuidadosos em observar estas orientações.


Todo o membro da equipa de transporte que entre em contacto com os fluidos do corpo do paciente deve usar luvas de exame em latex. Máscaras para a cara e toucas são também necessárias. Para indivíduos que vão manejar objectos afiados, como agulhas e bisturis, luvas de nitrilo resistentes a perfurações deverão ser usadas por baixo das luvas de exame. Para o cirurgião e perfusionista, ou qualquer pessoa que os esteja a assitir, viseiras e óculos são também obrigatórios.

Controlo de Qualidade

O controlo de qualidade é normalmente  atingido durante a perfusão ao manter as pressões e as taxas de fluxo perto das normas metabólicas, e depois da perfusão ao se proceder à análise de amostras e facilidade de perfusão crioprotectora. A observação do paciente durante a remoção de sangue irá também providenciar informação valiosa.


Num paciente onde a perfusão está a correr bem vai sofrer algumas alterações observáveis. A cor de pele irá alterar para uma cor mais saudável. Hematomas poderão formar-se nos membros do paciente. A cor do fluído que sai do paciente irá começar a clarear a partir de um castanho escuro até se tornar cada vez mais transparente. A temperatura central do paciente, como evidenciado por leituras de temperatura esofágico e retal, irá começar a descer rapidamente. (Temperaturas rectais irão diminuir mais lentamente do que as esofágicas, uma vez que a sonda rectal fica no fundo de uma massa muscular, e podem estar encaixadas em fezes.)


Se todas estas alterações ocorrerem, as pressões e as taxas de fluxo são devidamente mantidas, e o paciente é arrefecido para as temperaturas apropriadas, o paciente irá estar em bas condições para a perfusão crioprotectora.


Amostras deverão ser obtidas em intervalos de 15 minutos, começando a partir da iniciação do bypass cardiopulmonar. Comece a recolha de amostras o mais cedo possível (antes do bypass será incomum mas bastante desejável). Amostras irão providenciar dados que podem ser analizados muito depois da suspensão criónica do paciente para ajudar na avaliação da qualidade do transporte.

Conclusão

Uma remoção e substituição de sangue e um arrefecimento bem sucedidos providenciam uma janela para uma estabilização metabólica de cerca de 12 horas. Durante este tempo, o paciente poderá ser transportado para Scottsdale, Arizona. Assim que a remoção e substituição de sangue estiver concluída, o paciente deverá ser acondicionado em gelo e transportado pelos meios mais rápidos possíveis para a sede da Alcor.


Ir para o Capítulo 8, Capítulo 10 ou Índice.


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